lunes, febrero 09, 2009

Concepto de "cliente" en educación

En el foro de Rinace (sobre investigación de la eficacia y mejora escolar), se ha dado un debate muy interesante en torno al concepto de cliente en educación. Quisera incorporar aquí un comentario personal y una respeusta muy interesante del Profesor Brasilero Ruda Ricci.

"Rudá, comenté lo de Carl Rogers en el sentido que él le da al término no en su sentido comercial. Rogers contrapone este término a la pasividad e incluso dependencia que se asumía que debía tener el "paciente".

Rogers trabaja este término buscando un cambio en la relación terapeuta - persona que solicita ayuda, por lo que me quedo con la intención y no con la connotación libre mercadista del término. Desde allí es que conecto con el pensamiento de Paulo Freire a quien tuve la oportunidad de conocer muy joven (yo y también algo él). Hablo de los derechos que tienen nuestros alumnos, sus padres de también exigirnos el profesionalismo que debemos realizar a diarios y nos escondernos en nuestra supuesta "autoridad docente".

Recomiendo el texto, porque cada vez que lo releo (como otros) me sorprende en sus comentarios y propuestas, sobre todo en esta relación profesor(a) alumno(a), que por una parte valora el acoger la realidad del otro mas también en valorar lo propio de uno mismo.

Estudiar, estudiar y seguir estudiando para volcarse y reflexionar de nuestra práctica cotidiana, sin mesianismos pero tampoco con fatalismos.

¡Uf! ¡Hay tanto que seguir aprendiendo! En aquella época que conocí a Paulo Freire y Paulo de Tarso, no tenía claridad de la dimensión de esos personas y ahora me gustaría haberlos podido aprovechar más...

Gracias Rudá por tus comentarios, que me parecen muy interesantes y adecuados.

Rafael



Rudá Ricci escribió:

Rafael,

Fui da equipe de Paulo Freire, nos anos 80, quando era estudante da PUC-SP. Depois, fomos do governo Erundina, ele como Secretário de Educação e eu como sub-secretário de administrações regionais. Tive a honra de conhecê-lo e compartilhar angustias. Aos sábados, nos seminários abertos, Paulo nos "ensinou a ler": cada página lida do "Dialética do Concreto" durava 4 horas! Você deve estar se reportando ao livro "Profesora, si; tia, no: cartas quién e atreve a enseñar". Neste livro, Paulo Freire sugere que aquele que ensina é também um aprendiz, além de exigir ousadia, pois requer envolvimento emocional. E critica duramente o termo "tia" para designar uma professora, já que esse tratamento esconde a ideologia da passividade do “ensinante-aprendiz”. As “ensinantes”, para Freire, são também “aprendizes”, porque, enquanto se ensina, se aprende, e que estas devem se definir sempre como professoras, desafiando-as a deixar o cômodo papel de tia e refletir sobre até que ponto querem deixar a comodidade que essa expressão carrega e assumirem-se como verdadeiras profissionais da educação.

Este é tema, também, de Alicia Fernandez, da Argentina, num livro fantástico. O que quero registrar é que Paulo Freire foi absolutamente crítico ao conceito de cliente ou clientela na educação. Radicalmente opositor ao termo. Porque denotava uma relação comercial e não crítica.

Comentei rapidamente o tema central do livro de Paulo Freire, citado por você, para perceber a lógica do pensamento. Não há como relacionar o termo "Cliente" com a lógica de pensamento de Paulo Freire.

Entendo o que destacou: a não passividade do educando. Mas a postura de cliente, como se sabe, é o de quem compra. Há várias analogias neste caso. Uma delas é a relação de fetiche com a mercadoria, que como sabemos, se relaciona por sua vez com a alienação no trabalho. Conceitos marxistas que foram amplamente utilizados por Paulo Freire (Freire era, obviamente, não ortodoxo do dogmático, e conseguia articular o marxismo heterodoxo - gramsciano, por exemplo - com a fenomenologia). Em virtude da mercadoria ser um produto que nasce da alienação, ela entra no mercado sem o "desejo" inicial daquele que a fez, e nem do que a adquire. Podemos, ainda, entender a relação social definida pelo cliente como aquele que determina o que o que vende (seria o professor, nesta analogia?) tem que fazer. Afinal, "o cliente tem sempre razão".

Mas a relação social educativa não é mercadológica. É duplamente formativa, investigativa. Como dizia Hannah Arendt, humaniza os homens, porque os introduz no mundo da memória coletiva registrada em linguagem. É um ato de socialização, também, que pode ser crítica obviamente.

Se puder, leia o livro "O Caminho se faz Caminhando: conversas sobre educação e mudança social". Trata-se de uma longa conversa entre Paulo Freire e Myles Horton. Freire destaca como é preciso "saber" o que já se produziu socialmente. Educar é, também, introduzir o educando no mundo da humanidade. A relação educativa é muito mais complexa, neste caso, porque exige uma postura responsável do professor. Ele é autoridade e tem um papel diferente ao do aluno. Freire nunca disse que se tratava de uma relação "entre iguais". Ele era enfático nisso. E neste livro que cito, ele deixa mais que claro, já que Horton discordava desta postura.

Não quero ser dogmático a respeito, mas destacar a lógica do pensamento deste que é um dos maiores educadores brasileiros (possivelmente o maior). Adotar o conceito de clientela na educação é reduzir a relação social de construção e socialização do ato de educar.

Rudá Ricci

www.cultiva.org.br

rudaricci.blogspot.com



----Mensagem original-----

De: Investigaci ón sobre Eficacia y Mejora Escolar

[mailto:RINACE@LISTSERV.REDIRIS.ES] Em nome de Rafael Mascayano

Enviada em: 8 de fevereiro de 2009 17:51

Para: RINACE@LISTSERV.REDIRIS.ES

Assunto: Re: [RINACE] Fw: Calidad: satisfacción del cliente en el sector educativo (?)

En 1951, Carl Rogers publica su libro "Terapia centrada en el cliente", en respuesta al concepto de "paciente" que recibían aquellos que solicitaban una atención de ayuda. Centrado en la persona, centrada en el cliente, vienen a ser para Rogers conceptos que buscan cambiar la postura de paciente por alguien que solicita y tiene el derecho a ser considerado como un ser actuante en su proceso de rehabilitación o de crecimiento personal. Al derecho de que cada persona tiene de ser respetado en su "tendencia actualizante".

Este término "cliente" puede ser denostado como aprovechado para mirar el sentido de que tanto los educandos como los educadores son personas no pasivas sino activas en los procesos educativos de nuestros países. Y es conveniente ver que todos estamos interconectados hace ya muchos siglos en estas tareas y que no hay ningún pueblo que se "salve solo en esta tarea". Una cosa es el "intervencionismo" y otra el cerrarnos en nuestras propias situaciones.

Quisiera aportar un texto que aunque tiene ya algunos años me ha parecido muy interesante y provocador: "Cartas a quien pretende enseñar" de Paulo Freire. ¿Qué tiene que ver con lo que se está planteando? MUCHOOOOO.

Con afecto,

Rafael Mascayano M.

http://mascayano.blogspot.com